"The Revenant" (2015) de Alejandro G. Iñarritu

 



Sete anos depois do primeiro Óscar de Leonardo di Caprio, finalmente pude apurar se foi ou não merecido. Foi. Eu já desconfiava que seria um papel bem fora da caixa e muito diverso do que estamos habituados a ver Di Caprio fazer, mas de facto este papel, com um texto quase nulo, é uma antologia de interpretação. A este merecido prémio juntaram-se outros, não menos merecidos. A fenomenal Realização de Iñarritu - durante quase 3 horas de filme não me calei com os planos de câmara que tornaram o storytelling real, cru, agressivo e quase documental e a Fotografia, absolutamente sublime. Quanto à história? Que assustador pensar que é inspirada em factos reais; a imortalização da força que faz alguém às portas da morte se agarrar à vida. Dei por mim a rir a certa altura porque já me estava a custar ver acontecer tanta coisa aquele desgraçado...

Em resumo, um filme brilhantemente realizado, brilhantemente interpretado, num retrato nu e sem filtros da vida dos homens no Velho Oeste americano no início do sec. XIX. Mas mais que uma história de vingança, é uma história de amor, rodeada de sangue e violência. E aquele olhar para a câmara na cena final, facilmente confundível com o "quebrar da quarta parede", é uma decisão interessante de realização que nos permite transitar para dentro da alma da personagem e empatizar com a humanidade dela. A personagem torna-se real para o espectador naquele momento, com as suas emoções, as suas dores... E o peso das suas provações torna-se também bem real. Mas a sua vontade de viver bem expressa na respiração final..
"As long as you can still grab a breath, you fight. You breathe... keep breathing."

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