"Memoirs of a Geisha" (2005) de Rob Marshall

 

Há filmes que uma pessoa adia indefinidamente, até que um dia se põem a rir para nós na Netflix e lá decidimos avançar e vê-los. Foi o caso ontem de "Memórias de uma Gueixa", o filme feito a partir do muito controverso livro homónimo de Arthur Golden de 1997. Controverso porquê? Nem tanto a ver com a muita sexualidade que a novela aborda; muito mais pela quebra de confidencialidade que Golden fez a Mineko Iwasaki, uma das mais reputadas geishas de Gion e sua fonte de informação para o livro. Para além disso, a novela peca também por muitos factos incorrectos que, em alguma medida, menosprezam a cultura das geishas, chegando a aproximá-la de uma actividade de prostituição ao reduzir o ritual de passagem mizuage a uma venda da virgindade da maiko. O filme ainda contribuiu para esta controversa ao escolher para os três papéis femininos principais actrizes chinesas, o que causou muita indignação na China devido às atrocidades cometidas por japoneses a chineses na guerra.
À parte disto tudo, gostei do filme; gostei do nível de interpretação demonstrado, gostei da fotografia, gostei da história contada, pese embora tenha identificado algum romantismo de expressão que denuncia uma opção por estilo sobre substância. Mas as muitas nomeações e até os 3 Óscares recebidos, entre outros prémios que distinguiram, inclusive, a banda sonora de John Williams, fazem deste um filme que considero que vale a pena ver.

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