5º Congresso Mundial de Salsa em Lisboa – EDSAE

No fim-de-semana passado decorreu o 5º Congresso Mundial de Salsa em Lisboa no auditório da Faculdade de Medicina Dentária, organizado pela Escola de Danças Sociais e Artes do Espectáculo, vulgo Companhia Espasso Latino. Eu, levada por preferências do foro familiar, fui assistir aos espectáculos que decorreram no sábado à noite e, evidentemente, dançar a seguir até de madrugada. As preferências que me moveram prendiam-se com o facto de a minha irmã Patrícia Castro dançar nessa noite, integrada no Grupo Espaço de Dança, grupo esse nascido da escola de dança com o mesmo nome e que eu integrei durante seis anos até há coisa de quatro anos atrás. Todo o elenco deste grupo, coordenado por Rosinda Amorim, são amigos pessoais meus e um deles, o Rui Caetano, para além deste grupo integra também a Companhia de Dança Espasso Latino. Por isso, foi com olhos assumidamente parciais que assisti a esta segunda noite do Congresso que, nas palavras da minha amiga Sandra Fernandes, professora da Escola The Latin Quarter em Lisboa, foi “a melhor de sempre de todos os Congressos”. Devo concordar, pois lembro-me de achar sempre que um ou outro grupo eram menos bons em outras edições; pelo menos nesta noite de sábado todos os grupos foram de “muito bons” para cima, havendo inclusivé muitos “excelentes”.
A actuação do Espaço de Dança foi um fartote de rir, como sempre. As expectativas do público assíduo deste evento são sempre: “o que é que eles vão fazer desta vez?”. Este grupo utiliza uma dramaturgia cómica, subordinada sempre a uma diferente temática, associada à salsa (evidentemente) e a outras danças, nomeadamente a sua especialidade, que são as danças de salão. Este ano contou com a colaboração da professora de danças orientais Yolanda Rebelo e juntou a dança do ventre com véu ao seu número, que era passado no Médio-oriente, com uma rapariga (a minha mana!) a sair de dentro de um cesto e um turista colombiano à mistura. Desta forma, o Grupo Espaço de Dança, composto exclusivamente por bailarinos amadores, encontrou forma de se afirmar no mundo da salsa onde, apesar de não almejar atingir níveis de performance que se igualem aos dos grupos profissionais, não descura a qualidade técnica em todas as suas actuações.
Quantos aos referidos grupos profissionais, gostaria de tecer alguns comentários sobre alguns deles que me marcaram em particular. Primeiro os internacionais: Johnny Vasquez e su Império Azteca (Los Angeles) foram fenomenais, sem sombra de dúvida. No entanto, Johnny Vasquez (o Príncipe da Salsa) tem uma atitude demasiado convicta da sua própria qualidade (que é realmente enorme) para que eu consiga efectivamente gostar dele. Canta lindamente, no entanto! Os Tropical Gem (Itália), mesmo com a roupa extraviada no aeroporto e a terem que improvisar à última da hora, foram ma-ra-vi-lho-sos! Eu sou uma fã arraigada deste grupo, nada a fazer! Os Sacuye Latin dancers (Suécia) demonstraram mais uma vez que também se pode ser caliente num país nórdico. Devido ao facto de terem ficado retidos em Amesterdão, não chegaram a tempo do espectáculo da noite anterior. Melhor para mim, que assim vi os seus três números! As companhias aéreas parecem ter tirado o fim-de-semana para boicotar o Congresso! Os Salsa e Punto (Venezuela) começaram o seu número com um bocadinho de folclore venezuelano, mas quando tiraram as roupas tradicionais, aquilo é que foi açúcar! Ainda para mais num número de duas bailarinas para um bailarino que, para além de já ser difícil de executar somente com salsa pura, demonstrou as capacidades acrobáticas dos executantes.
Em relação aos grupos nacionais, o Espasso Latino esteve muito bem, ou não estivessem a “jogar em casa”! Tive a oportunidade de rever alguns momentos do musical Extravaganza, o que me agradou bastante. Os JD Freestyle (Lisboa) foram extraordinários, são realmente um grupo de eleição. Uma palavra de encerramento para a dupla Afrolatin Connection (Porto), que me deixou de boca aberta com uma exibição magnífica.
Enfim, depois de tantas mostras entusiasmantes, não foi de estranhar que, após bastante “salsar”, olhasse para o relógio e visse 5 da manhã!

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