"The Manchurian Candidate" (1962) de John Frankenheimer (AFI 1997 67ª posição)

 12 de outubro de 2022

Se há filmes para o quais a máxima "se chegares ao cinema 5 minutos atrasado, perdes o filme todo!" é verdade, "The Manchurian Candidate" é definitivamente um desses filmes. Toda a justificação para a trama e o que decorre em cerca de 2 horas de filme é estabelecido logo de início. No entanto, tal não elimina (antes incrementa!) uma sensação de ansiedade e angústia constantes, uma perplexidade, choque e até o potencial para um incrível plot twist. Este filme faz "check!" a muitas caixinhas: filme neo-noir, thriller psicológico e político e interpretações soberbas, em particular a da maravilhosa Angela Lansbury - galardoada com o Globo de Ouro e nomeada para o Óscar - no papel da intensa vilã e que (por coincidência, ou não!) nos deixou ontem. A sua interpretação da manipuladora, inescrupulosa e ambiciosa Eleanor Iselin é hiper inquietante, chegando a protagonizar uma cena ligeiramente perturbadora à primeira vista, mas que traduz uma subtil ligação a um plot mais denso, que é descrito na novela, mas que é deixado à margem no filme, por ser demasiado "gráfico" para o cinema americano de primeira linha da época.
Este é um filme que, pelos contornos temáticos, se pode considerar datado, principalmente no tratamento que dá à questão comunista, mas não se pode descartar um olhar à época em que foi estreado, no auge da hostilidade dirigida pelos americanos à União Soviética e na Crise dos Mísseis de Cuba. Uma nota relevante: metade do orçamento total do filme foi para pagar o cachet de Frank Sinatra, cujo desfoco enquanto "actor" numa cena em particular valeu ao realizador o elogio da crítica pelo que foi considerada uma opção de visão distorcida sobre a personagem!
"I'm gonna beat that vile, slandering, son-of-a-numbskull to a bloody pulp."
All-in-all, um filme excelente! Em frente, para o último quarto da tabela!...

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