6 de agosto de 2020
Foi com uma obra-prima do cinema de 1980, filmado a preto e branco por opções estéticas compreensíveis, dada a época focada, que dei início à segunda metade do meu objectivo de ver todos os 100 melhores filmes americanos da lista original da AFI. "Raging Bull" de Martim Scorcese, o filme biográfico sobre a vida e carreira do pugilista Jake LaMotta; mas que filmaço! Perturbador até mais não, como não poderia deixar de ser, este filme retrata a espiral descendente da vida e carreira do Touro do Bronx, devido à sua raiva obsessiva e auto-destrutiva, ciúmes insanos e apetite animalesco. Tenho que confessar que eu adoro tudo o que o Robert de Niro faz. Acho que a competência deste actor transcende o limiar do sobre-humano. Comédia, drama, tragicomédia, eu já o vi fazer de tudo um pouco e sempre muitíssimo bem. Como prova aliás o segundo Óscar da sua carreira, ganho precisamente com este papel. Quanto a Martim Scorcese, de facto este filme é o seu magnum opus. Nota: Alguns temas são particularmente perturbadores para a época actual e alguma cautela é recomendada. Não é como se a violência inerente a um filme sobre boxe fosse demasiado chocante - é algo sempre presente, mas a ausência de cor resguarda o público visualmente. É o tema da pedofilia, a violência doméstica, o tratamento e desvalorização das mulheres e todo o processo de degradação que se torna particularmente doloroso de assistir; assuntos tão sublimemente (re)tratados neste filme.
Comentários