4 de setembro de 2020
Andando bem para trás e mudando totalmente de estilo, eis-me a ver o clássico de terror/fantasia/ficção, "King Kong" de 1933, aquele que é mencionado na canção de introdução do infame "The Rocky Horror Show":
"Then something went wrong
For Fay Wray and King Kong
They got caught in a celluloid jam"
Confesso que quase soltei uma lágrima. Não porque quisesse vestir-me como a Fay Wray, como diria Frank 'n Furter, mas porque o pobre macaquinho morreu pelos pecados do capitalismo e com um nível de acting e expressividade que me emocionou. Ou por amor à "donzela em perigo" de excelência! E porque fiquei muito impressionada com a qualidade de um filme com efeitos especiais arcaicos e com a forma como estes estão magistralmente orquestrados (para a época) com a imagem real, os truques de câmara que mostram o gorila focado em primeiro plano e Fay Wray desfocada ao fundo e o trabalho que só posso imaginar hercúleo para criar e operar todos os mecanismos que permitiram filmar este trabalho de arte. Outro ponto que me impressionou no filme foi a crítica social, bem explícita e nada subtil. A opressão do capitalismo sobre o planeta e a subsequente destruição do que é natural - uma mensagem ambientalista que nos vem dos históricos cilindros de celulóide com 87 anos. Já para não falar da cena iconográfica no topo do Empire State Building - edifício que apagou as suas luzes durante 15 minutos no dia em que Fay Wray se foi juntar ao seu apaixonado símio no Além. Em suma, esperava um filme datado, difícil de assistir por causa dos efeitos especiais ultrapassados e fui surpreendida com uma obra prima. Gosto quando isto me acontece, porque faz-me sentir a alma viva.
"He was a king and a god in the world he knew, but now he comes to civilization merely a captive - a show to gratify your curiosity." --> Quantos graus de "errado" estão contidos nesta frase!?
Moving on!
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