"Blonde" (2022) de Andrew Dominik

7 de outubro de 2022

Ok, não é um filme brilhante. Aliás, em alguns aspectos, achei-o presunçoso, a puxar ao intelectualóide, mas sem argumentos para isso. O que teria feito deste filme uma genial e crua(el) alegoria aos sujos corredores Hollywoodescos e à exploração e degradação que as mulheres sempre conheceram às mãos dos Weinstein's da vida? Não usar a Marylin. Nós sabemos que a vida da Marylin não foi fácil e não vale a pena tentar romantizar a coisa. Mas isto foi um murro no estômago que estou disponível para levar em nome de todas as mulheres que passaram por situações humilhantes e degradantes em nome de uma carreira no cinema; não centralizado exclusivamente na imagem da Norma Jean, circulando obcecadamente em volta dos seus daddy issues, quase como se isso fosse uma espécie de justificação para tudo o que se passa no filme. Não. Preferia ter visto tudo isto com uma personagem random qualquer, que até poderia deixar um perfume a Marylin no ar, mas não ela, não desta maneira. É degradante e é exploratório.
Dito isto, "hats off" para a Ana de Armas, por uma interpretação brutal! O ambiente de realização em formato meio documentário, meio surrealista em modo pesadelo constante, meio "Lars von Trier'esco" de chapadão no focinho atrás de chapadão no focinho, também ajuda à concepção crua de duríssima critica que de facto este filme me parece querer ser (ou deveria ter querido ser). Portanto, a minha opinião é que "Blonde" teria sido bastante melhor... sem Marylin.

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