"All quiet on the western front" (1930) de Lewis Milestone (AFI 1997 54ª posição)

27 de março de 2021

Um filme que deveria ser traduzido para todas as línguas e exibido em todas as nações, até a palavra "guerra" ser erradicada de todos os dicionários. As palavras não são minhas, mas traduzem o que sinto depois de assistir a "All quiet on the western front" (1930) de Lewis Milestone, inspirado na novela homónima, passada durante a I Grande Guerra. Um filme pré-código que é, por isso mesmo, agressivo, directo, difícil, intenso e tão verídico quando um épico desta natureza poderia ser, tendo sido filmado em 1930, na alvorada do filme com som. E o som! Desagradável, ensurdecedor, desesperante, extenuante... Leva-nos para o campo de batalha, insere-nos de forma quase realista nas sensações mais ignóbeis, aquelas que ninguém, muito menos rapazes na flor da idade, deveriam experimentar. Se o filme tem problemas? Claro. Questões de escola de interpretação, típicas de uma herança de filme-mudo, murros dados sem impacto e outros erros, mas tudo é esquecido em nome de efeitos especiais que nos deixam presos ao ecrã, angústias que vivemos com as personagens e um argumento de anti-heroísmo que não romantiza a guerra de forma nenhuma. Tudo, do ponto de vista dos "maus-da-fita do costume", os alemães, para que nos lembremos sempre que também o "inimigo" tem sentimentos, família e medo. A conversa em que os soldados da 2ª Companhia se questionam sobre as razões de ser da guerra e o porquê de estarem ali, se nem nunca nenhum deles viu sequer um francês, quanto mais ter razões para estar ofendido com ele, é absolutamente demonstrativa e épica. Um filme digno de nota, tristemente real...
"And our bodies are earth. And our thoughts are clay. And we sleep and eat with death."

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