"A streetcar named Desire" (1951) de Elia Kazan (AFI 1997 45ª posição)

2 de fevereiro de 2021

Como fazer de uma obra-prima da literatura teatral, carregada de conflitos internos, devassidão, agressões físicas e psicológicas, ilusões psicóticas e espirais descendentes na direcção da loucura um filme brilhante, debaixo da caneta azul do Hays Code? Elia Kazan fez. "A Streetcar Named Desire", a partir da peça homónima de Tenessee Williams, foi o filme a que acabei de assistir, sendo que ocupa a 45ª posição da lista original da AFI dos melhores filmes americanos de sempre. Vivian Leigh está incomparável, no que sabe fazer de melhor, que é de "belle sulista", mas Blanche DuBois não é uma "belle" qualquer e certamente não se assemelha a nenhuma Scarlett O'Hara. Leigh soube construir a diferença e retratou a perturbada viagem da personagem numa interpretação que lhe valeu o Óscar. A bem dizer, foi pena que o ainda mal conhecido Marlon Branco não o tenha recebido também (ainda que nomeado!), pois teria sido o primeiro e único filme até à data a conquistar os quatro Óscares nas categorias de Interpretação. Seguramente que a sua interpretação do desprezível Stanley Kowalsky teria sido digna de tal. Mas foi superado por Humphrey Bogart, na sua interpretação em "The African Queen", que considero manifestamente inferior.

On ward, go!
"Whoever you are – I have always depended on the kindness of strangers."

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