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Sobre o espectáculo e tendo em vista que para crianças se trata, francamente, é mesmo aquilo: numa linguagem simples, bastante colorido, musical, divertido e jovial. Sendo como foi, baseado numa ópera de Rossini, penso que ajudará inclusivé crianças de determinadas faixas etárias (não a minha Inês, ainda, pois pouco liga a isso!) a terem um primeiro contacto com a música clássica e a ópera de uma forma lúdica, que (talvez) lhes dará vontade de conhecer a obra original. Pelo menos, falando por mim e remetendo-me ao "Brincando aos Clássicos" da saudosa Ana Faria, foi uma primeira introdução a uma existência para sempre agrilhoada à música. Abençoada seja!...
Os figurinos de Rafaela Mapril e a cenografia de Kim Cachopo, não sendo tremendamente simples, estavam extremamente apelativos. A encenação de Fernando Gomes estava perfeitamente brilhante. Excelente adaptação e direcção musical de Filipe Carvalheiro, assim como o apoio coreográfico de Paula Sabino e o desenho de luz de Paulo Sabino.
Já em relação ao elenco, devo fazer alguns reparos, porque se é um musical que se pretende fazer, penso que deveria haver um pouquinho mais de rigor na selecção dos cantores, principalmente para os papéis principais. Parecendo mais uma vez estar a puxar a brasa à minha sardinha, mas não podendo evitá-lo, uma vez que eram as únicas vozes que conheço fora das portas daquele teatro, os únicos cantores que ali encontrei foram a Célia Maria (Berta), o Paulo Carrilho (Conde Almaviva - e que esteve muitíssimo bem, aliás!) e o Pessoa Júnior (Narrador e Polícia - e que está sempre bem!). Todos os outros eram actores a cantar. Nada tenho contra actores a cantar, muito pelo contrário, inclusivé o trabalho de actor esteve irrepreensível. Não se pode é chamar musical à peça... Talvez "teatro musicado" seja mais correcto. Mas se calhar foi essa a intenção logo desde o início. Não me podem é depois pedir que goste de ouvir cantar numa peça uma pessoa que não sabe cantar ou que não tem voz. Enfim!
Uma nota especial para a Adriana Pereira no papel da criada Carmen, que Rossini não criou, mas que esteve muito engraçada. O tá-tá do Paulo Neto Don Basílio também me divertiu bastante.
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