Eurofestival da Canção 2007

Ontem estive a assistir ao Eurofestival da Canção, sem me aperceber que aquilo já era uma final e que Portugal já tinha ficado pela berma da estrada. Enfim, quando lobriguei esse facto, não fiquei muito assombrada, pois eu não considerava a nossa canção de uma índole proeminente. Mas, ao compasso de evolução que o Festival foi tomando, fui formando alguns juízos e opiniões que me fizeram concluir que afinal a canção do Emanuel, com interpretação da Sabrina não estaria assim tão desajustada quanto isso. Perguntar-me-ão vocês: mas o que lhe deu para estar a falar do Eurofestival? Ora! Alguém consegue esquecer o que o Eurofestival significava para todos nós nos primórdios da TV a cores? Que a noite de Eurofestival era considerada festa de família, e pretexto para patuscada em casa de amigos e familiares, com todos sentados em frente à televisão? E as secas que eu e a minha irmã pregávamos aos nossos pais, ao passarmos todo o ano que se seguia a ouvir as canções do Eurofestival no carro, ao ponto de conseguirmos pronunciar até as letras em Sueco e Norueguês? Sim, o Eurofestival é um ícone da minha juventude e vale a pena perder alguns momentos a dissertar sobre o que lhe fizeram durante estes anos em que me apanharam distraída.

Primeiro e antes de mais, para não dizerem que eu só sei maldizer, a canção da Eslovénia surpreendeu-me pela positiva com uma magnífica interpretação de uma bela canção por parte de uma cantora lírica fartamente premiada.


A canção que ganhou, a da Sérvia, mesmo com os altos e baixos da votação, teve a minha aprovação, pois era muito ao género das músicas que me habituei a apreciar no festival, belíssima e excelentemente interpretada. E apesar de a cantora não primar pela beleza, tinha uma voz notável e um coro de belas vozes em belas mulheres. Magnifica!


Gostei muito da interpretação e da música da Bulgária, mas acho que ficavam melhor no Festival Andanças do que no Euro.


Agora começa o rosário: mas que disparate foi aquela canção da Ucrânia? E que maior disparate foram aqueles 12 pontos de Portugal para ela?


Uma das riquezas do Eurofestival que eu recordo com saudade era o som das várias línguas europeias a desfilar no palco. Agora toda a gente canta em inglês ou em outras línguas que não tenham nada a ver com eles (salvo raras e reverenciadas excepções), na ânsia de conquistar votos numa votação telefónica que também merecerá comentário. Aplausos sentidos para todos os países que continuam a cantar na sua língua materna, contra ventos e marés! Agora o Ricky Martin grego, a cantar em inglês uma música com sonoridades tão típicas do país dele, não ganharia mais se a cantasse na sua língua? E que coisa foi aquela dos Il Divo mal vestidos da Letónia a cantar em Italiano uma música que até se ouvia bem??? Uma nota de excepção para a canção da Roménia, que estava cantada em inglês, italiano, espanhol, russo, francês e romeno, mas a canção era engraçada e falava do amor como algo de universal, por isso a Torre de Babel até fez sentido.


A canção da França arrepiou-me, de tão má que era. Então a nossa não seria, mesmo assim, mais audível de que aquele lixo, que teve acesso directo à final?

A Bjork da Geórgia, pois de uma música da Bjork se tratava, não condizia grande coisa com os bailarinos cossacos que dançavam atrás dela a um ritmo muito próprio, mas que não era propriamente o da música – que, propriamente, não tinha nenhum.


E regressem por favor os códigos de indumentária, para nos pouparem a observar figurinos como os da Suécia, da Letónia e da Ucrânia!...


A música da Suécia até nem era feia, mas fazia-me lembrar qualquer coisa…


O Reino Unido enlouqueceu de vez. Tinham a obrigação de ter juízo, afinal já são veteranos. Mas juntaram-se à euforia e ficaram quase em último. É bem-feito!


Como podem manter este absurdo das votações por telefone? Não será surpreendente que os países de Leste, que lideram os tops de emigração actualmente, sejam os mais votados? E que Portugal tenha dado 12 pontos…. à Ucrânia? Parece que os estou a ver, todos pendurados no andaime, a telefonar como se não houvesse amanhã! Por favor, voltem ao velho júri de sala, com pessoas que percebam de música, a sério!...

E não vou tecer mais comentários, que já estou maldisposta. Uma pessoa distrai-se por uma década ou duas e olha o que lhe fazem ao imaginário infantil! O que se seguirá? O Popeye vestido de Drag Queen? Ai, a canção da Ucrânia outra vez, NÃO!...

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