Sete anos depois do primeiro Óscar de Leonardo di Caprio, finalmente pude apurar se foi ou não merecido. Foi. Eu já desconfiava que seria um papel bem fora da caixa e muito diverso do que estamos habituados a ver Di Caprio fazer, mas de facto este papel, com um texto quase nulo, é uma antologia de interpretação. A este merecido prémio juntaram-se outros, não menos merecidos. A fenomenal Realização de Iñarritu - durante quase 3 horas de filme não me calei com os planos de câmara que tornaram o storytelling real, cru, agressivo e quase documental e a Fotografia, absolutamente sublime. Quanto à história? Que assustador pensar que é inspirada em factos reais; a imortalização da força que faz alguém às portas da morte se agarrar à vida. Dei por mim a rir a certa altura porque já me estava a custar ver acontecer tanta coisa aquele desgraçado...
Em resumo, um filme brilhantemente realizado, brilhantemente interpretado, num retrato nu e sem filtros da vida dos homens no Velho Oeste americano no início do sec. XIX. Mas mais que uma história de vingança, é uma história de amor, rodeada de sangue e violência. E aquele olhar para a câmara na cena final, facilmente confundível com o "quebrar da quarta parede", é uma decisão interessante de realização que nos permite transitar para dentro da alma da personagem e empatizar com a humanidade dela. A personagem torna-se real para o espectador naquele momento, com as suas emoções, as suas dores... E o peso das suas provações torna-se também bem real. Mas a sua vontade de viver bem expressa na respiração final..
"As long as you can still grab a breath, you fight. You breathe... keep breathing."
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